Um ecossistema é
formado pela componente biótica, os seres vivos, e pela componente abiótica, o
solo, água, clima, etc… e pelas interações entre estas.
Portanto, as duas componentes são essenciais para garantir a conservação e
funcionamento do planeta terra do modo em que hoje o conhecemos.
Se falávamos que os
seres vivos começaram a habitar o planeta terra há 3,5 bilhões de anos, a
história dos processos geológicos que originaram os solos, rochas e paisagens
do planeta é um bilhão de anos mais antigas.Fig 1. Evoluição da geodiversidade e biodiversidade comparadas. Fonte: Gray, M. 2008 |
Estes processos geológicos
deram lugar a diferentes tipos de rochas, formações geológicas, solos e
processos naturais que servem de base e suporte a vida (GEODIVERSIDADE) e que
devem ser protegidos de modo a garantir a continuidade destes processos
essenciais ao ritmo e escala natural (GEOCONSERVAÇÃO).
Fig 2. Geoparque Açores |
Assim, o conceito
de GEODIVERSIDADE é mais alargado e completo que o tradicional conceito de PATRIMÓNIO GEOLOGICO, baseado essencialmente no valor
científico e educativos dosfenómenos geológicos, mas que esquece valores
importantes em termos de equilíbrio dos ecossistemas como os processos
geológicos ou os substratos (solos).
A conservação do património geológico associou-se com a conservação de monumentos naturais, isto é grandes estruturas geológicas com significado histórico ou cultural para o ser humano. Porém, o termo “geodiversidade” aparece em 1993, na Conferência de Malvern sobre Conservação Geológica e Paisagística realizada no Reino Unido, como reação ao termo “biodiversidade” definido na Cimeira do Rio de Jaineiro em 1992. O termo “geodiversidade” pretende assim salientar a importância da componente abiótica (Gray, 2008).
A geodiversidade do planeta terra é mais elevada do que noutros planetas conhecidos e isto pode estar relacionada com a existência de modos mais complexos de vida.
Uma vez que os processos geológicos são muito mais lentos que os processos biológicos a medida da geodiversidade e especialmente do seu grau de ameaça é mais complicada que no caso da biodiversidade. Mesmo assim, podemos distinguir HOTSPOTS DE GEODIVERSIDADE. Gray, 2008 sugere algumas áreas que poderão apresentar especial interesse em termos de geodiversidade:
- Áreas com uma história geológica longa e complexa.
- Áreas de conexão de placas tectónicas, especialmente áreas convergentes em que se produzem fenómenos de vulcanismo e criação de novos materiais. Este é o caso do arquipélago dos Açores, situado na dorsal meio atlântica.
- Grandes elevações
- Áreas costeiras
Sharples (2002). Concepts and Principles of Geoconservation
Gray, M. (2008). Geodiversity: developing the paradigm. Proceedings of the Geologists' Association, 119, 287-298.
Brilha, J. (2005). Património Geológico e Geconservação. Braga: Palimago.
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Post realizado no âmbito da disciplina de Biodiversidade, Geodiversidade e Conservação do Mestrado em Cidadania e Participação Ambiental da Universidade Aberta (Tema 3, post 1)
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Post realizado no âmbito da disciplina de Biodiversidade, Geodiversidade e Conservação do Mestrado em Cidadania e Participação Ambiental da Universidade Aberta (Tema 3, post 1)
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