Mas nem todos os seres que foram aparecendo ao
longo da história geológica da Terra sobreviveram. Bem antes do homem sequer
ter aparecido sobre a faz da terra, já se produziram extinções em massa de
espécies de seres vivos. Tal vez a extinção dos dinossauros seja a mais
conhecida, mas houve vários períodos de extinção em massa de espécies. Para
além disso, o desaparecimento de espécies menos adaptadas é um processo ecológico
reconhecido cientificamente.
O que diferencia o presente momento de extinção de
espécies, das extinções em massa ocorridas anteriormente no planeta, é a causa
primeira: O SER HUMANO.
Por este motivo, o ser humano é moralmente responsável
pela conservação da diversidade biológica na atualidade, mas para a conservar
precisamos a conhecer e medir…
Como caracterizamos e medimos a vida no planeta?
A Convenção para a Diversidade Biológica (CBD) define "diversidade biológica" como
a variabilidade de organismos vivos de qualquer origem, incluindo, entre outros,
os ecossistemas terrestres e marinhos e outros ecossistemas aquáticos e os complexos
ecológicos dos que fazem parte; compreende a diversidade dentro de cada espécie,
entre as espécies y de los ecossistemas.
- Diversidade específica: Refere às diferentes espécies (conjunto de seres vivos de características semelhantes e capazes de se reproduzir entre eles) presentes no planeta.
- Diversidade genética: Este tipo de biodiversidade vai para além do número de espécies no planeta e incluí como diversidade a diversidade de genes que estas espécies contêm. Esta diversidade genética pode dar lugar a novas espécies com a passagem do tempo, mas também tem a capacidade de garantir a sobrevivência da espécie.
- Diversidade funcional: As espécies não existem isoladas, mas interagem entre elas e com o meio dando lugar a ecossistemas complexos. Uma mesma espécie, em ambientes ou ecossistemas diferentes, pode cumprir funciones diferentes.
Assim, podemos compreender que não é fácil medir a
biodiversidade, isto irá depender de qual dos seus aspectos consideremos mais
relevante: Riqueza específica
mede o número absoluto de espécies diferentes existentes num local, sem atender
à quantidade de indivíduos que existem de cada uma delas (equitatividade). Tanto o Índice
de informação (Shannon & Weaver, 1962) como o Índice de diversidade de Simpson (Simpson, 1949) relativizam a
riqueza em função do número de indivíduos que existem de cada uma destas espécies.
Existem inúmeros índices de biodiversidade que
podem ser aplicados, e escolha irá depende daquilo que nós interesse salientar
e diferenciar entre áreas. Um exemplo de como estes diferentes índices dão
valores diferentes de importância das áreas do planeta são os resultados do sistema de informação biogeografica dos oceanos
Estes índices identificam a variedade de espécies
ou genes (também podem ser aplicados à variabilidade genética) (ESTRUCTURA),
mas será que este número de espécies é
indicativo da saúde dum ecossistema, da sua capacidade de sobrevivência a longo
prazo (FUNCIONALIDADE)?
Apesar de terem existido hipóteses que afirmaram
que uma maior biodiversidade é necessariamente indicativo de uma maior
funcionalidade e estabilidade num ecossistema, isto não é necessariamente
assim. Na realidade, a desaparição duma espécie num ecossistema pode não ter
nenhum efeito no mesmo se existirem outras espécies que consigam ocupar o seu
nicho ecológico, isto é cumprir a sua função e realizar as suas interações.
Todos estes factores, são importantes quando
pretendemos proteger a biodiversidade, uma vez que é impossível não afectarmos
os ecossistemas, estes índices podem permitir-nos definir quais são as áreas
mais importantes de proteger. Existem áreas do planeta, essencialmente
concentradas nos trópicos, com enormes concentrações de espécies (hotspots), porém, a identificação destas
áreas irá depender não só do conceito de diversidade biológica aplicado, mas
também do nosso conhecimento das espécies, uma vez que não conhecemos um
elevado número das espécies que existem no planeta.
Más também estas considerações vão nos permitir
definir prioridades de proteção para as espécies, podemos decidir que uma espécie
merece ser mais protegida por ser mais rara, por estas mais ameaçada de
extinção, por ser mais importante para o equilíbrio do ecossistema (keystone species), por ser indicadora da
conservação de outras espécies mais difíceis de encontrar (umbrella species) ou simplesmente por ser mais querida pelas
pessoas (espécies carismáticas, bonitas, familiares, localmente importantes).
Neste último caso, as espécies podem ser utilizadas para convencer à opinião
pública da importância de conservação dum ecossistema (flagship species). Existem também índices que permitem valorar as espécies
de acordo com um ou vários destes parâmetros, como por exemplo o aplicado pela
IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza) para a elaboração da
sua lista vermelha.
Fontes de
informação:
Araújo, M., Avaliação da Biodiversidade em
conservação, Silva Lusitana 6 (1). 19-40, 1998, EFN, Lisboa
Bryant, P.J.,
2005. Biodiversity and Conservation
- a hypertext book
Lovejoy, T.
(1996) "Biodiversity: what is it?" In Biodiversity II
Wilson, E.O.
(1988) "The current state of biological diversity" In Biodiversity.
Convention on
Biological Diversity (CBD) http://www.cbd.int/
International
Union for the Conservation of Nature (IUCN) - http://www.iucn.org/
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Post realizado no âmbito da disciplina de Biodiversidade, Geodiversidade e Conservação do Mestrado em Cidadania e Participação Ambiental da Universidade Aberta (Tema 1, post 1)
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Post realizado no âmbito da disciplina de Biodiversidade, Geodiversidade e Conservação do Mestrado em Cidadania e Participação Ambiental da Universidade Aberta (Tema 1, post 1)