sábado, 31 de março de 2012

A Vida no Planeta

Ainda hoje, desconhecemos a origem da vida no planeta, existindo diferentes teorias, mas parece aceite por todos os cientistas que foi a partir de uma ou umas formas de vida primitivas que todas as espécies do planeta foram evoluindo e diversificando-se até dar lugar à imensa diversidade de espécies existentes no planeta.

Mas nem todos os seres que foram aparecendo ao longo da história geológica da Terra sobreviveram. Bem antes do homem sequer ter aparecido sobre a faz da terra, já se produziram extinções em massa de espécies de seres vivos. Tal vez a extinção dos dinossauros seja a mais conhecida, mas houve vários períodos de extinção em massa de espécies. Para além disso, o desaparecimento de espécies menos adaptadas é um processo ecológico reconhecido cientificamente.

O que diferencia o presente momento de extinção de espécies, das extinções em massa ocorridas anteriormente no planeta, é a causa primeira: O SER HUMANO.
Por este motivo, o ser humano é moralmente responsável pela conservação da diversidade biológica na atualidade, mas para a conservar precisamos a conhecer e medir…

Como caracterizamos e medimos a vida no planeta?

A Convenção para a Diversidade Biológica (CBD) define "diversidade biológica" como a variabilidade de organismos vivos de qualquer origem, incluindo, entre outros, os ecossistemas terrestres e marinhos e outros ecossistemas aquáticos e os complexos ecológicos dos que fazem parte; compreende a diversidade dentro de cada espécie, entre as espécies y de los ecossistemas.


  • Diversidade específica: Refere às diferentes espécies (conjunto de seres vivos de características semelhantes e capazes de se reproduzir entre eles) presentes no planeta.
  • Diversidade genética: Este tipo de biodiversidade vai para além do número de espécies no planeta e incluí como diversidade a diversidade de genes que estas espécies contêm. Esta diversidade genética pode dar lugar a novas espécies com a passagem do tempo, mas também tem a capacidade de garantir a sobrevivência da espécie.
  • Diversidade funcional: As espécies não existem isoladas, mas interagem entre elas e com o meio dando lugar a ecossistemas complexos. Uma mesma espécie, em ambientes ou ecossistemas diferentes, pode cumprir funciones diferentes.

Assim, podemos compreender que não é fácil medir a biodiversidade, isto irá depender de qual dos seus aspectos consideremos mais relevante: Riqueza específica mede o número absoluto de espécies diferentes existentes num local, sem atender à quantidade de indivíduos que existem de cada uma delas (equitatividade). Tanto o Índice de informação (Shannon & Weaver, 1962) como o Índice de diversidade de Simpson (Simpson, 1949) relativizam a riqueza em função do número de indivíduos que existem de cada uma destas espécies.

Existem inúmeros índices de biodiversidade que podem ser aplicados, e escolha irá depende daquilo que nós interesse salientar e diferenciar entre áreas. Um exemplo de como estes diferentes índices dão valores diferentes de importância das áreas do planeta são os resultados do sistema de informação biogeografica dos oceanos

Estes índices identificam a variedade de espécies ou genes (também podem ser aplicados à variabilidade genética) (ESTRUCTURA), mas será que este número de espécies é indicativo da saúde dum ecossistema, da sua capacidade de sobrevivência a longo prazo (FUNCIONALIDADE)?

Apesar de terem existido hipóteses que afirmaram que uma maior biodiversidade é necessariamente indicativo de uma maior funcionalidade e estabilidade num ecossistema, isto não é necessariamente assim. Na realidade, a desaparição duma espécie num ecossistema pode não ter nenhum efeito no mesmo se existirem outras espécies que consigam ocupar o seu nicho ecológico, isto é cumprir a sua função e realizar as suas interações.

Todos estes factores, são importantes quando pretendemos proteger a biodiversidade, uma vez que é impossível não afectarmos os ecossistemas, estes índices podem permitir-nos definir quais são as áreas mais importantes de proteger. Existem áreas do planeta, essencialmente concentradas nos trópicos, com enormes concentrações de espécies (hotspots), porém, a identificação destas áreas irá depender não só do conceito de diversidade biológica aplicado, mas também do nosso conhecimento das espécies, uma vez que não conhecemos um elevado número das espécies que existem no planeta.

Más também estas considerações vão nos permitir definir prioridades de proteção para as espécies, podemos decidir que uma espécie merece ser mais protegida por ser mais rara, por estas mais ameaçada de extinção, por ser mais importante para o equilíbrio do ecossistema (keystone species), por ser indicadora da conservação de outras espécies mais difíceis de encontrar (umbrella species) ou simplesmente por ser mais querida pelas pessoas (espécies carismáticas, bonitas, familiares, localmente importantes). Neste último caso, as espécies podem ser utilizadas para convencer à opinião pública da importância de conservação dum ecossistema (flagship species). Existem também índices que permitem valorar as espécies de acordo com um ou vários destes parâmetros, como por exemplo o aplicado pela IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza) para a elaboração da sua lista vermelha.

Fontes de informação:
Araújo, M., Avaliação da Biodiversidade em conservação, Silva Lusitana 6 (1). 19-40, 1998, EFN, Lisboa
Bryant, P.J., 2005. Biodiversity and Conservation - a hypertext book
Lovejoy, T. (1996) "Biodiversity: what is it?" In Biodiversity II
Wilson, E.O. (1988) "The current state of biological diversity" In Biodiversity.
Convention on Biological Diversity (CBD) http://www.cbd.int/
International Union for the Conservation of Nature (IUCN) - http://www.iucn.org/

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Post realizado no âmbito da disciplina de Biodiversidade, Geodiversidade e Conservação do Mestrado em Cidadania e Participação Ambiental da Universidade Aberta (Tema 1, post 1)