quinta-feira, 19 de abril de 2012

Alterações climáticas: Uma ameaça não só para a biodiversidade


As alterações climáticas são variações na temperatura e nos fenómenos atmosféricos (chuva, vento, tormentas eléctricas, etc…) Ao igual que a perda de biodiversidade, existem provas que as alterações climáticas aconteceram no planeta ainda antes do ser humano. Este é o caso das glaciações que foram períodos de descida das temperaturas.


Mais uma vez, o que diferença as alterações que vivemos no presente, é que podem relacionar-se directamente com o comportamento do ser humano e mais concretamente com a emissão de gases de efeito estufa como o dióxido de carbono, metano, etc… que produzimos maioritariamente ao queimar combustíveis fósseis.


Estes gases formam uma camada na atmosfera que permite a entrada, mas não a saída dos raios solares e isto provoca o aquecimento do planeta.

O aquecimento do planeta, provoca também alterações na chuva e faz com que existam períodos ainda mais secos e períodos ainda mais húmidos, provoca fenómenos meteorológicos extremos como furações e tornados mais frequentes. O aquecimento global já está a afectar os grandes glaciares, fazendo com que estes se derretam, aumentando o nível do mar e afectando à circulação dos oceanos que também condiciona o clima. O aquecimento afecta também à agricultura, a disponibilidade de água e pode contribuir para a expansão de doenças tropicais limitadas pela temperatura.



Em termos de biodiversidade, o aquecimento global pode afectar os habitats tornando-os não adequados par a sobrevivência de algumas espécies. Se estas espécies não têm capacidade de dispersão para se deslocar a zonas em que encontrem as condições adequadas, irão desaparecer. Assim, as alterações climáticas.

Mas no caso das alterações climáticas, a biodiversidade não é apenas uma das vítimas do comportamento do ser humano, pode ser também a solução. Um dos principais gases de efeito estufa, o dióxido de carbono é retido pelas plantas e fixado nas suas estruturas, retirando-o da atmosfera de modo que deixa de causar este efeito. 


Assim, a recuperação de ecossistemas naturais pode ser também uma importante ferramenta para travar os graves efeitos que as alterações climáticas podem ter para a nossa própria sobrevivência.

BIBLIOGRAFIA:
Millennium Ecosystem Assessment (2005)
http://www.carbon-biodiversity.net/Issues/CarbonStorage
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Post realizado no âmbito da disciplina de Biodiversidade, Geodiversidade e Conservação do Mestrado em Cidadania e Participação Ambiental da Universidade Aberta (Tema 2, post 2)

Ameaças à Biodiversidade


À luz dos dados científicos parece evidente a existência de uma crescente perda de biodiversidade, que já ultrapassa o ritmo das extinções acontecidas no passado, antes do ser humano sequer existir no planeta. Também já apontamos que a diferença actualmente radica na causa primeira de estas extinções: O SER HUMANO.

Mas como é que o ser humano está a conseguir causar esta rápida desaparição de seres vivos do planeta?

Bem, existem três principais motivos para a desaparição da biodiversidade: a sobreexploração, a destruição do habitat e a introdução de espécies exóticas.

Sobre-exploração: O consumo ou uso directo duma espécie por parte do ser humano que leva à redução da sua população até números que não permitem a sua viabilidade, provocando a sua desaparição do planeta junto da perda deste recurso para o ser humano.

Destruição do habitat: Incluí qualquer alteração do meio em que uma espécie se desenvolve que faz com que a sua subsistência seja impossibilitada. Esta destruição do habitat pode ter diferentes causas:

  • Alteração de usos do solo: Muitos habitats desaparecem apenas para se transformar em outros habitats de maior “utilidade” para o ser humano, como por exemplo pastagens para o gado, culturas, plantações florestais, vilas, cidades e industrias.
  • Fragmentação: A fragmentação é uma consequência da alteração de usos do solo, mas neste caso, não é preciso provocar a desaparição do todo o habitat para fazer desaparecer algumas espécies, basta reduzir o seu tamanho de modo que uma espécie já não possa subsistir. Por exemplo, espécies grandes ou espécies que se alimentam de outras, precisam grandes territórios para obter o alimento suficiente para subsistir. Muitas vezes, estruturas lineares que ocupam um espácio pequeno, como estradas, muros ou linhas eléctricas podem causar grandes impactos em termos de fragmentação do habitat, actuando como uma barreira para o passo de espécies.
  • Poluição: Consiste na alteração dum habitat por introdução de substâncias químicas aleias ao mesmo. A poluição pode afectar directa ou indirectamente às espécies, uma vez que pode tratar-se de substâncias que provocam a morte da espécie ou apenas de sustâncias que destroem o seu habitat ao ponto de ser difícil a sua sobrevivência. 






Introdução de Espécies Invasoras: Espécies invasoras são aquelas que, não sendo originárias dum determinado habitat e tendo aparecido de modo artificial, isto é por causa do ser humano (espécies exóticas) tem a capacidade de se reproduzir e dispersar sem ajuda do mesmo (espécies naturalizadas) e ainda tem efeitos nocivos nas espécies nativas (naturalmente presentes no local). Os efeitos de perda de biodiversidade por introdução de espécies invasoras podem ser muito graves, um claro exemplo de este problema é o arquipélago dos Açores e especialmente a ilha de São Miguel.




Relevância das causas da perda de Biodiversidade:


Como podemos observar no gráfico, estes três factores, determinam praticamente o 100% das extinções acontecidas no planeta desde 1600. A importância relativa, variará em função das espécies em perigo e os ecossistemas em que estas se inserem.

BIBLIOGRAFIA:
Millennium Ecosystem Assessment (2005)
Myers, N. (1996) "The rich diversity of biodiversity issues"
http://www.fathom.com/course/21701785/session2.html

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Post realizado no âmbito da disciplina de Biodiversidade, Geodiversidade e Conservação do Mestrado em Cidadania e Participação Ambiental da Universidade Aberta (Tema 2, post 1)

terça-feira, 17 de abril de 2012

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Para Proteger devemos valorar?

No anterior post, apontávamos para a principal causa do desaparecimento massivo de espécies no planeta no presente: O SER HUMANO. E dissemos que este facto dá lugar ao dever moral de proteger esta biodiversidade, mas será que esta obrigação moral é suficiente para proteger a biodiversidade?

Se atendemos ao atual ritmo de degradação do planeta (Vitousek et al., 1997), parece óbvio que o ser humano não admite esta obrigação moral e de facto continua a degradar cada vez mais os ecossistemas.
Mas não devemos esquecer que o ser humano não é mais do que uma espécies, mais uma de tantas criada ao longo da evolução da vida na terra e, portanto, também faz parte dos ecossistemas da terra e pode sujeitar-se como qualquer outra espécie à extinção no caso de não se conseguir adaptar às mudanças que ele próprio provoca no seu meio ambiente.

Assim, o ser humano recebe uma grande quantidade de bens e serviços que procedem de outros seres vivos ou das suas funções no ecossistema. A estes bens e serviços chama-se de SERVIÇOS DOS ECOSSISTEMAS. Estes serviços podem ser de diferentes tipos:

Bens (Provisioning services): Refere-se àquilo que recebemos diretamente da natureza, como alimento, madeira e outros produtos, medicamentos, sustâncias bioquímicas, recursos ornamentais e agua doce.

Serviços: Referem-se àquilo que recebemos indiretamente, graças as funções que uma ou várias espécies cumprem no ecossistema. Podemos distinguir três tipos:

Serviços culturais: O ser humano disfruta da biodiversidade, aprende com ela e pode utilizá-la como inspiração. Exemplos destes serviços são a paisagem, turismo, educação, cientifico, artístico.

Serviços reguladores: A biodiversidade influencia os ciclos naturais (ciclo da água, carbono, nitrogénio e fosforo) permitindo serviços como a proteção frente a riscos naturais, regulação da água, limpeza de água e resíduos, polinização, controlo biológico, regulação do clima, regulação da qualidade do ar.

Serviços de suporte: São aqueles serviços que suportam a vida quer dos outros organismos vivos, quer do ser humano. São, tal vez, os mais indiretamente relacionados com o bem-estar humano. Porém, são essenciais para a manutenção dos ecossistemas e das suas outras funções. Exemplos destes serviços são: Produção, Descomposição, Ciclos de nutrientes, Ciclo da água, Formação de solo, Interações ecológicas, Processo evolutivo.

Atendendo a estes serviços, parece clara a importância que a biodiversidade tem para o bem-estar das comunidades humanas, tem a biodiversidade. Porém, é mais controverso se é lícito, útil, ou se é sequer possível, a quantificação de estes serviços em termos monetários ou económicos.

Neste sentido, Pearce (2001) (em Christie et al., 2006) defende a avaliação económica do valor da biodiversidade como uma ferramenta essencial para a conservação dos recursos, uma vez que também são muito fortes as pressões económicas para os destruir. Outros autores, defendem que é impossível recolher em termos económicos todos os serviços que os ecossistemas prestam a humanidade.

Eu tive oportunidade de realizar uma avaliação dos serviços dos ecossistemas fornecidos pela ZPE Pico da Vara / Ribeira do Guilherme (Cruz et al., 2011). Este estudo permitiu concluir que, de facto, a avaliação monetária dos serviços dos ecossistemas não pode ser realizada, seja por falta de informação disponível, seja por dificuldade em relacionar um serviço com um valor monetário, uma vez que muitos serviços que recebemos dos ecossistemas são gratuitos. Porém, esta avaliação permite estabelecer de forma quantitativa e qualitativa muitos de estes serviços, servindo para justificar a importância das ações de conservação, mas também como indicativo de serviços que podem ser explorados de uma maneira sustentável para melhorar a qualidade de vida ao tempo que se preservam os ecossistemas.

Fontes de informação:
Christie et al (2006) "Valuing the diversity of biodiversity"
Millennium Ecosystems Assessment (2005)
Vitousek et al., 1997. Human Domination of Earth's Ecosystems. Science, 25. July 1997:
Vol. 277 no. 5325 pp. 494-499 
Wilson, E., 1988. The current state of biological diversity
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Post realizado no âmbito da disciplina de Biodiversidade, Geodiversidade e Conservação do Mestrado em Cidadania e Participação Ambiental da Universidade Aberta (Tema 1, post 2)