Assim, consideraremos ameaças apenas àquelas de origem antrópico, em geral muito mais rápidas na sua capacidade destruidora do que os processos geológicos naturais. Ao igual que as ameaças para a biodiversidade, estas podem afetar a diferentes escalas e estão essencialmente causadas pela necessidade do ser humano de explorar a geologia para garantir a sua qualidade de vida. As principais ameaças que afetam a geodiversidade são:
- Perda total de um elemento de geodiversidade
- Perda parcial ou dano físico
- Fragmentação do interesse
- Perda visibilidade ou intervisibilidade
- Perda de acesso
- Interrupção do processo natural
- Poluição
- Impacto visual
Exploração mineira/materiais de construção: A exploração de matérias geológicos, quer seja minerais, metais, rochas ou areia causa um efeito direto na geodiversidade através da extração destes materiais, em muitos casos até a desaparição dos mesmos. Más também causam impactos indiretos como o impacto visual, a poluição e a alteração de processos geológicos e hidrogeológicos naturais através da compactação de solos, por exemplo.
Expansão das áreas urbanas e agrícolas: O uso humano do territorio é também um grave problema para a geodiversidade, uma vez que a expansão quer urbana, quer agrícola tem que se realizar no território e sobre o substrato geológico, pudendo em ocasiones vir ocupar áreas de elevado valor geológico. Um exemplo claro nos Açores é o uso agrícola as Turfeiras, grande parte das turfeiras dos Açores foram dessecadas através da construção de drenes para a formação de pastos. O resultado foi a formação de pastos de baixo valor, e graves problemas no abastecimento de água em alguns povoamentos, uma vez que estas formações são essências como reservatório de água em ilhas de reduzida dimensão.
Erosão do litoral e obras de proteção: A erosão costeira é um processo natural, porém em ocasiões esta erosão pode afetar a populações humanas ou áreas de interesse recreativo, nestes casos se realizam obras de engenharia para a proteção destes locais que podem ter consequências nefastas em outras áreas.
Gestão das bacias hidrográficas: As obras de regularização de caudais e de minimização de inundações que se realizam nas ribeiras são importantes para a proteção das populações, mas alteram radicalmente os processos hidrológicos e hidrogeológicos.
Desflorestação/incêndios: A alteração do coberto vegetal e os incêndios afetam consideravelmente o solo, incrementando a erosão e a perda da camada superficial e fértil do solo. Os processos edafogenéticos (de formação de solo) são muito lentos e esta perda poderá demorar longo período de tempo em ser recuperada.
Atividade turística: As atividades turísticas podem ter graves impactos no património geológico. Desde a realização de atividades como as motorizadas ou a escalada que podem deixar a sua pegada na paisagem até o próprio passo dos turistas por um área poderá, dependendo da sua sensibilidade ser um problema para a conservação.
Colecionismo: Em muitos casos a retirada de materiais geológicos valiosos é realizada para colecionismo sem fins científicos. Historicamente, este colecionismo tem afetado de modo muito grave a conservação de fosseis e minerais essencialmente. Um exemplo deste impacto associado com o turismo foi o grave efeito negativo que a retirada de pedra vulcânica teve no vulcaõ Teide em Tenerife. Este vulcão é visitado por 3,5 milhões de pessoas por ano.
Atividades militares: As atividades militares, quer de treino quer as próprias ações bélicas tem claros efeitos no património geológico.
Alterações climáticas: As alterações climáticas também poderão ter um considerável efeito na conservação da geodiversidade, essencialmente através do incremento de processos erosivos causados pela radicalização das condições atmosféricas e o incremento dos eventos de clima extremos e também pela subida do nível do mar.
Em geral, podemos ver que, em muitos casos as ações humanas que afetam a biodiversidade e a geodiversidade são as mesmas, daí a importância de estratégias de conservação integradas e baseadas nos dois recursos e não apenas num deles.
Se calhar a única diferença importante de salientar será que, no caso da geodiversidade, devido à menor divulgação deste conceito, existe uma maior iliteracia por parte da população ao respeito da sua importância e isto se traduz numa menor preocupação em relação com a sua conservação. Assim a divulgação do património geologico e os seu valor torna-se uma acção de conservação essencial.
FONTES:
Gray, M. (2008). Geodiversity: developing the paradigm. Proceedings of the Geologists' Association, 119, 287-298.
Brilha, J. (2005). Património Geológico e Geconservação. Braga: Palimago.
Apontamentos da disciplina.
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Post realizado no âmbito da disciplina de Biodiversidade, Geodiversidade e Conservação do Mestrado em Cidadania e Participação Ambiental da Universidade Aberta (Tema 4, post 1)
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Post realizado no âmbito da disciplina de Biodiversidade, Geodiversidade e Conservação do Mestrado em Cidadania e Participação Ambiental da Universidade Aberta (Tema 4, post 1)
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