Se atendemos ao atual ritmo de degradação do
planeta (Vitousek et al., 1997),
parece óbvio que o ser humano não admite esta obrigação moral e de facto
continua a degradar cada vez mais os ecossistemas.
Mas não devemos esquecer que o ser humano não é mais
do que uma espécies, mais uma de tantas criada ao longo da evolução da vida na
terra e, portanto, também faz parte dos ecossistemas da terra e pode
sujeitar-se como qualquer outra espécie à extinção no caso de não se conseguir
adaptar às mudanças que ele próprio provoca no seu meio ambiente.
Assim, o ser humano recebe uma grande quantidade de
bens e serviços que procedem de outros seres vivos ou das suas funções no
ecossistema. A estes bens e serviços chama-se de SERVIÇOS DOS ECOSSISTEMAS. Estes serviços podem ser de diferentes
tipos:
Bens (Provisioning services): Refere-se àquilo que recebemos diretamente da natureza, como alimento,
madeira e outros produtos, medicamentos, sustâncias bioquímicas, recursos
ornamentais e agua doce.
Serviços: Referem-se
àquilo que recebemos indiretamente, graças as funções que uma ou várias
espécies cumprem no ecossistema. Podemos distinguir três tipos:
Serviços culturais: O
ser humano disfruta da biodiversidade, aprende com ela e pode utilizá-la como
inspiração. Exemplos destes serviços são a paisagem, turismo, educação, cientifico,
artístico.
Serviços reguladores: A biodiversidade influencia os ciclos naturais (ciclo da água, carbono,
nitrogénio e fosforo) permitindo serviços como a proteção frente a riscos
naturais, regulação da água, limpeza de água e resíduos, polinização, controlo
biológico, regulação do clima, regulação da qualidade do ar.
Serviços de suporte: São aqueles serviços que suportam a vida quer dos outros organismos vivos,
quer do ser humano. São, tal vez, os mais indiretamente relacionados com o
bem-estar humano. Porém, são essenciais para a manutenção dos ecossistemas e
das suas outras funções. Exemplos destes serviços são: Produção, Descomposição,
Ciclos de nutrientes, Ciclo da água, Formação de solo, Interações ecológicas,
Processo evolutivo.
Atendendo a estes serviços, parece clara a importância
que a biodiversidade tem para o bem-estar das comunidades humanas, tem a
biodiversidade. Porém, é mais controverso se é lícito, útil, ou se é sequer
possível, a quantificação de estes serviços em termos monetários ou económicos.
Neste sentido, Pearce (2001) (em Christie et al., 2006) defende a avaliação
económica do valor da biodiversidade como uma ferramenta essencial para a
conservação dos recursos, uma vez que também são muito fortes as pressões
económicas para os destruir. Outros autores, defendem que é impossível recolher
em termos económicos todos os serviços que os ecossistemas prestam a
humanidade.
Eu tive oportunidade de realizar uma avaliação dos
serviços dos ecossistemas fornecidos pela ZPE Pico da Vara / Ribeira do
Guilherme (Cruz et al., 2011). Este
estudo permitiu concluir que, de facto, a avaliação monetária dos serviços dos
ecossistemas não pode ser realizada, seja por falta de informação disponível,
seja por dificuldade em relacionar um serviço com um valor monetário, uma vez que
muitos serviços que recebemos dos ecossistemas são gratuitos. Porém, esta
avaliação permite estabelecer de forma quantitativa e qualitativa muitos de
estes serviços, servindo para justificar a importância das ações de
conservação, mas também como indicativo de serviços que podem ser explorados de
uma maneira sustentável para melhorar a qualidade de vida ao tempo que se
preservam os ecossistemas.
Fontes de
informação:
Christie et
al (2006) "Valuing the diversity of biodiversity"
Millennium
Ecosystems Assessment (2005)
Vitousek et
al., 1997. Human Domination of Earth's Ecosystems. Science, 25. July
1997:
Vol. 277 no. 5325 pp. 494-499
Vol. 277 no. 5325 pp. 494-499
Wilson, E., 1988. The
current state of biological diversity
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Post realizado no âmbito da disciplina de Biodiversidade, Geodiversidade e Conservação do Mestrado em Cidadania e Participação Ambiental da Universidade Aberta (Tema 1, post 2)
Post realizado no âmbito da disciplina de Biodiversidade, Geodiversidade e Conservação do Mestrado em Cidadania e Participação Ambiental da Universidade Aberta (Tema 1, post 2)
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